**No Dia das Mães, minha sogra me entregou a conta de um jantar de \$367 e disse que era meu “presente” para as mães de verdade da mesa. Eu sorri, paguei minha parte — e depois dei a ela a maior surpresa da vida dela.**
Nunca pensei que seria o tipo de pessoa a expor dramas de família na internet, mas cá estamos. Tenho 35 anos, sou casada com meu marido Ryan há quase 10. Já passamos por mais tratamentos de fertilidade, abortos e telefonemas devastadores do que posso contar. Nem falo mais sobre isso com a maioria das pessoas. Dói demais.
Ser mãe é a única coisa que eu quis mais do que tudo nesta vida. E simplesmente… não aconteceu.
Neste último domingo foi o Dia das Mães. Minha sogra, Cheryl, decidiu organizar um “jantar só para mulheres”. Só ela, minha cunhada Amanda, minha outra cunhada Holly e eu. Ryan disse que eu devia ir. “Apenas sorria e aguente firme,” ele me disse. “Você sabe como ela é.”
Eu sabia. Sabia exatamente como ela era.
Deveria ter confiado no meu instinto.
Deixe-me voltar um pouco.
Cheryl é a rainha da família. Pense em pérolas, travessas de caçarola e aquele sorriso passivo-agressivo que faz você se sentir como uma barata debaixo de um copo de vinho. Ela é obcecada por “tradição”, e sua tradição favorita é lembrar a todos que ser mãe é a coisa mais importante que uma mulher pode fazer. Ela diz coisas como: “O maior legado de uma mulher são seus filhos” — e diz isso com convicção. Sempre.
Ela tem três filhos. Amanda, a filha de ouro, tem dois meninos. Ela posta sobre eles o tempo todo. Derek, o mais novo, casou com Holly. Eles acabaram de ter a segunda filha três meses atrás.
Cheryl é obcecada por esses bebês. Está sempre com um no colo, postando fotos, se chamando de “Vovó de Quatro”.
E então tem eu. A que ainda não “cumpriu seu propósito”, como Cheryl certa vez disse no jantar de Ação de Graças. Ela disse rindo, mas ficou preso no meu peito como um espinho.
O Dia das Mães costuma ser um pesadelo. Sempre invento uma desculpa. No ano passado, menti sobre um brunch com amigas. No ano anterior, disse que estava “resfriada”. Ryan me protege, e todos fingem que não percebem. Mas este ano, Cheryl foi mais esperta.
“Nada de maridos,” ela disse. “Só nós, garotas. Uma noite especial.”
Ryan insistiu para eu ir.
“Ela tem boas intenções,” ele disse.
“Ela realmente não tem,” eu respondi.
Mesmo assim, fui.
Assim que entrei no restaurante, percebi que tinha algo errado.
Cheryl estava com suas melhores pérolas e aquele sorriso presunçoso. Amanda já estava lá, rindo sobre como seu filho mais novo tinha passado manteiga de amendoim na parede. Holly chegou logo depois de mim, toda animada, com uma enorme bolsa de fraldas e fotos do bebê no celular.
“Feliz Dia das Mães, minhas queridas!” Cheryl exclamou, entregando sacolas de presente para Amanda e Holly.
Ela se virou para mim.
“Que bom que você veio, querida.”
Deu um tapinha no meu braço. E só. Nada de sacola. Nada de “Feliz Dia das Mães”. Só aquele tapinha rígido, como se eu fosse a sobrinha esquisita da vizinha se enturmando.
Forjei um sorriso. “Obrigada pelo convite.”
Sentamos. Cheryl pediu uma garrafa de prosecco “para as mães”. Serviu três taças. Eu fiquei com água. Ela nem perguntou o que eu queria.
Amanda se inclinou. “Você não vai acreditar no que Brayden fez hoje de manhã,” ela disse.
“Ah, não,” Holly riu. “O que foi agora?”
“Ele deu descarga nos meus brincos. Aqueles bonitos! Da loja Jared!”
As duas caíram na risada.
Tentei rir junto, mas não consegui pensar em nada para dizer.
Cheryl entrou na conversa. “Meninos são assim. O meu uma vez enfiou um carrinho de brinquedo no nariz. Lembra disso, Amanda?”
“Ah, Deus, sim!” Amanda disse. “O Ryan chorava tanto. Você teve que levá-lo ao pronto-socorro!”
Todos riram. Eu só fiquei ali sentada, segurando meu copo, tentando acompanhar.
“Parece divertido,” eu disse. “Crianças fazem as coisas mais estranhas.”
Holly me olhou, com uma expressão educada. “Você costuma fazer babysitting?”
“Não,” eu disse. “Ultimamente, não.”
Cheryl se inclinou. “Bem, tomara que em breve, querida.”
Assenti. Fiquei em silêncio.
O garçom voltou com as sobremesas: três bolos de chocolate e uma tigela de frutas, que ele colocou na frente da Cheryl.
“Para a senhora,” ele disse.
Cheryl fez que sim com a cabeça. “Muito pesado para minha digestão,” disse, como se todas já não soubessem disso. “Mas o resto aproveitem.”
Amanda mergulhou no bolo imediatamente, gemendo um pouco. “Meu Deus, isso tá maravilhoso.”
Holly sorriu, já na metade. “Vale cada caloria.”
Eu apenas sorri e empurrei um morango no prato. O cheiro doce estava forte demais. Eu nem tinha apetite.
Então Cheryl bateu a colher contra o copo com alguns toques agudos. Daqueles que fazem todo mundo congelar por um segundo. Ela se levantou e disse:
“Meninas, antes de nos despedirmos esta noite, tenho algo para compartilhar.”
Amanda se animou. “Ah! É sobre a cabana no mês que vem?”
Cheryl abanou a mão. “Não, não. Isso é mais… prático.”
Ela me encarou, e eu soube que o que viria a seguir não seria bom.
“Kaylee, querida,” ela começou com um tom doce demais para ser genuíno, “você é a única nessa mesa que não é mãe.”
A mesa ficou em silêncio.
“Espero que não leve a mal,” continuou, ainda sorrindo, “mas não parece justo dividir a conta igualmente.”
Amanda olhou para o colo. Holly pegou a taça de vinho, em silêncio.
Cheryl continuou, calma como sempre. “Então pensamos — já que você não está realmente celebrando nada — talvez fosse gentil da sua parte nos presentear este ano.”
Então ela deslizou o pequeno porta-conta preto na minha direção, como se estivesse me fazendo um favor.
Abri. O total era \$367.
Olhei para ele. Três lagostas. Três taças de prosecco. Três sobremesas. Eu tinha comido frango grelhado e bebido água. Minha garganta apertou, mas engoli seco e forcei um sorriso.
“Claro,” eu disse baixinho, pegando a bolsa. “Você tem razão.”
Cheryl assentiu uma vez, como se tivesse resolvido algo de forma razoável. Amanda continuou olhando para baixo. Holly ainda bebia o vinho.
Esperei alguns segundos antes de falar de novo. “Na verdade,” eu disse, afastando a conta, “também tenho algo para compartilhar.”
As três me olharam. Amanda surpresa, Holly curiosa, Cheryl com a mesma expressão condescendente de sempre, como se eu fosse dramática.
Respirei fundo. “Ryan e eu decidimos parar de tentar.”
Amanda piscou. Holly inclinou a cabeça. Cheryl abriu a boca, já pronta para comentar.
“Bem,” ela disse rápido demais, “talvez seja o melhor, querida. Algumas mulheres simplesmente—”
“Vamos adotar,” eu disse, cortando-a.
A mudança foi instantânea. Amanda arregalou os olhos. Holly parou a mão no ar. Cheryl ficou imóvel, taça na mão.
“Recebemos a ligação esta manhã,” continuei, deixando as palavras caírem uma a uma. “Fomos escolhidos. Uma menina. Ela nasce amanhã. Em Denver.”
Senti minha voz tremer, mas não deixei que desabasse.
“A mãe biológica leu nosso perfil,” eu disse. “Viu nossas fotos. Disse para a agência que nós parecíamos lar. Palavras dela.”
Cheryl não disse nada. Ninguém disse.
Olhei direto para ela. “Então, tecnicamente,” eu disse, “este é meu primeiro Dia das Mães.”
Ninguém se mexeu.
Peguei minha carteira e tirei uma nota de 20 e outra de 5. Coloquei suavemente sobre a mesa.
“Aqui estão \$25,” eu disse. “Mais do que suficiente pelo que comi.”
Olhei para Cheryl. “Não vou pagar o resto. Não ter filhos não me torna sua carteira. Nem sua piada.”
Ela abriu a boca, depois fechou. Amanda parecia chocada. Holly só me observava, quieta.
Levantei, vesti o casaco e olhei para a mesa uma última vez.
“Feliz Dia das Mães,” eu disse e fui embora.
Na manhã seguinte, voamos para Denver.
Quando a enfermeira colocou Maya nos meus braços, algo dentro de mim se partiu e se abriu de vez. Ela era pequenininha, rosada e quentinha contra meu peito. Bocejou uma vez, depois fechou a mãozinha ao redor do meu dedo como se sempre tivesse pertencido ali.
O nome dela significa “ilusão”. Não fomos nós que escolhemos — foi a mãe biológica — mas pareceu certo. Porque durante anos, eu persegui a ilusão de que ser mãe só podia acontecer de um jeito. Pela biologia. Pela dor. Pela definição de “real” da Cheryl.
Agora, com Maya nos braços, todo aquele barulho desapareceu.
Cheryl não me ligou depois do jantar. Ligou para o Ryan — deixou três recados. Disse que eu a envergonhei. Que “causei uma cena” no feriado dela.
Ryan finalmente retornou a ligação. Ouvi ele do corredor.
“Quem se envergonhou foi você,” ele disse. “A Kaylee não te deve nada.”
Ela não ligou mais. E tudo bem.
Porque agora, pela primeira vez em uma década, não sinto que falta algo em mim. Não me sinto de fora. Não estou mais seguindo o roteiro de ninguém.
Sou a mãe da Maya. E isso é tudo que eu sempre quis ser.