O rangido foi agudo, quase doloroso—como se a porta não abrisse, mas gemesse, revelando idade e ressentimento. Agrafena Tikhonovna se estremeceu, embora já estivesse preparada há muito tempo: girou a chave duas vezes, ficou por um momento ao lado da fresta, como se esperasse uma resposta. Não da porta—mas de seu próprio coração, onde algo pesado de repente se apertou, como se uma lembrança tivesse se reunido em um punho.
Dentro do galpão, havia o cheiro de ferrugem, madeira úmida e algo indefinido, como se o tempo em si tivesse se instalado ali há muito e não tivesse intenção de sair.
Ela entrou—e parou. A poeira subiu, rodopiou em um feixe de luz que penetrava por uma fenda nas tábuas. E ali, entre a bagunça, ela viu—o remo. Não qualquer remo, mas este. Com o cabo escurecido, coberto de terra seca. Por que esse objeto? Por que agora? Ela não sabia. Mas de repente, entendeu—ela precisava começar a cavar.
Tudo começou com isso—o remo. Não com pensamentos, não com dor nos joelhos, não com a solidão, que há muito tempo era sua companheira. Com essa simples ferramenta rude, que de repente se tornara mais importante do que qualquer outra coisa no mundo.
Agrafena foi até o quintal e se sentou perto da cerca—onde antes floresciam os gladíolos. Antes… antes de tudo o que aconteceu depois.
Ela não procurou um lugar para cavar. Simplesmente caminhou ao longo da cerca—o lado direito do quintal. Seu pai sempre dizia: «Comece pela beirada, filha. Assim, a terra te dirá o que está escondido nela.» E ela começou. Mas não estava lavrando a terra—estava lavrando memórias.
O remo entrou facilmente na terra fofa e solta, como se alguém estivesse esperando por esse toque. Ela não tinha pressa. Cada golpe era medido, quase cauteloso—como se não estivesse cavando, mas conversando consigo mesma. A cada movimento, parecia que uma camada de sua alma estava sendo soprada. Ali, sob os pés, estava o passado—um nó denso, pronto para vir à tona, apenas esperando para ser cavado um pouco mais fundo.
Passou meia hora, ou mais—não importava mais. O sol se arrastava atrás do telhado do banheiro. Agrafena se endireitou, olhou para a marca do remo no chão e de repente pensou: «E se eu encontrar algo?»—e imediatamente se assustou com esse pensamento. Porque ela nem sabia o que estava procurando.
No dia seguinte, Semyon apareceu. Jovem, de ombros largos, com olhos vivos e mãos acostumadas ao trabalho. Como de costume, trouxe leite em uma garrafinha de lata. Ao ver Agrafena, parou. Seu olhar demorou-se no canteiro de flores, nas botas dela, no sulco escuro no chão.
«Olá, Agrafena Tikhonovna. Você está… fazendo canteiros de jardim?»
Ela desviou o olhar, pegou a garrafinha e a colocou no banco.
«Quero plantar flores,» respondeu calmamente. «A primavera está chegando.»
Sua voz estava muito equilibrada—como alguém que praticou a mesma frase por muito tempo. Ele assentiu, sorriu, mas a desconfiança ainda estava em seus olhos.
Quando a mulher se afastou, Semyon ficou mais tempo na cerca. Olhou para o chão. Nenhuma semente, nenhuma muda. Apenas pequenos buracos organizados—como se alguém estivesse procurando, mas não soubesse exatamente onde.
Em casa, no jantar, ele contou tudo à esposa.
«Algo estranho. Ela não está plantando nada, só cavando. Sombras sob os olhos, mãos até os cotovelos na terra… Como se estivesse fazendo isso a noite toda…»
«Você acha que ela está perdendo a cabeça?» perguntou Zoya, mexendo a sopa. «Desde o Tikhon, ela ficou assim. Não diz nada, sempre sozinha. Dizem que ele sofreu muito antes de morrer…»
Semyon deu de ombros, mas se lembrou: «Ela está cavando, mas não plantando.» Especialmente como seus olhos se moviam quando ele disse «canteiros de jardim.» Como se ele tivesse dito «covas.»
Desde aquela noite, ele começou a olhar mais vezes pela janela. E uma noite, percebeu: havia luz piscando no jardim. Fraca, tremendo—não da janela, não de uma lâmpada, mas da própria terra. E de novo, ele ouviu o som familiar—o clangor do metal.
Semyon ficou parado atrás do vidro, imóvel. A luz era fraca, mas era o suficiente para ver: nas mãos da velha estava o remo novamente. Ela cavava lentamente, com cuidado, como se soubesse—cada movimento poderia revelar algo mais do que apenas terra. Algo que ela temia.
De manhã, decidiu se aproximar. Sem motivo, sem o leite. Apenas—passando por ali.
Agrafena estava carregando água. Seu lenço escorregou para o lado, seus olhos vermelhos, terra sob as unhas—gravadas como uma sombra.
«Bom dia,» ele disse o mais naturalmente possível. «Vejo que está trabalhando. Novos buracos, um após o outro. Mas por que não está plantando nada?»
Ela congelou. Depois rapidamente colocou o balde no chão, olhou para o lado.
«Posso ajudar?» ele ofereceu gentilmente. «Tenho um remo leve e afiado. Eu poderia cavar toda a beirada para você em uma hora…»
Ela se virou de repente. Nos olhos dela—uma dor turva, na voz—um tremor. Mas não loucura, mais como exaustão.
«Não, filho,» sussurrou ela. «Não é sobre flores. Eu estou procurando… Ele me disse antes de morrer. Sobre o filho…»
Semyon não disse nada. Apenas ficou ali, como se estivesse enraizado no lugar.
«Ele me contou tudo,» continuou Agrafena Tikhonovna. «Nosso menino… ele não fugiu. Não se perdeu. Foi o Tikhon… de raiva. Por uma travessura infantil. Ele bateu nele. E então ele ficou com medo. Enterrou ele. Aqui. Em algum lugar aqui.»
Sua voz estava calma, quase indiferente—como se ela já tivesse vivido a dor até o fim e ficasse sozinha dentro de si mesma. Mas seus olhos entregaram tudo: havia algo neles que fez Semyon desviar o olhar.
«Eu preciso encontrá-lo. Eu preciso fazer isso. Ele é apenas uma criança… Ele está lá, você entende?»
Ele não sabia o que dizer. Porque ele entendeu. E porque sentiu: se ele não a ajudasse, ela simplesmente deixaria de viver—mesmo que continuasse respirando.
Ele se foi em silêncio. Sem palavras de consolo, sem conselhos, sem promessas de ajuda. Ele simplesmente foi para casa, sentou na varanda por um longo tempo, olhando para suas mãos. E à noite, ele não conseguiu fechar os olhos. Essas palavras—»bateu,» «enterrou»—pareciam perfurar sua pele. Ele acreditou nela. Não conseguia explicar por que—ele simplesmente acreditou.
No dia seguinte, ele trouxe pessoas. Sem explicações longas—simplesmente contou para o vizinho Pasha, depois para outro, e logo três homens estavam na cerca com os remos. Entre eles estava Yarik—alto, inquieto, sempre pronto para rir sem motivo. Como cantar em um funeral. Mas suas mãos eram fortes, e ele tinha força. Parecia interessado—talvez encontrassem algo secreto.
Agrafena ficou de lado. Não interveio, não ordenou. Apenas observou enquanto cavavam. Ela não podia mais—sua força tinha ido embora. Havia uma dor seca em seu corpo, uma espera monótona em sua alma.
«E se realmente tiver algo aqui?» Yarik gritou, sem virar para trás. «Talvez um tesouro? Ou ferro velho?»
A resposta foi silêncio. Só Semyon continuou cavando—devagar, concentrado, como se não estivesse cavando a terra, mas reunindo o destino de outra pessoa pedaço por pedaço.
Yarik balançou o remo com força—e de repente houve um som surdo: metal contra metal. Todos congelaram.
«Ehhh… Pessoal, acho que não encontramos batatas,» ele murmurou.
Semyon foi o primeiro a se aproximar. Sob a terra, encontraram uma tampa—velha, coberta de ferrugem, com dobradiças rachadas. Uma caixa de madeira com bandas de ferro, preservada como se o tempo tivesse a evitado.
Quando abriram a tampa, um ranger percorreu suas espinhas como frio. Dentro havia algo que ninguém esperava.
Uma camisa de criança. Fina, dobrada com cuidado, escurecida pelo tempo. Ao lado—um brinquedo: um ursinho de pelúcia com um lado desgastado. E uma foto. Desbotada. Um menino de cerca de cinco anos. Olhos vivos, uma pinta na bochecha.
Agrafena se ajoelhou.
«É ele… É o nosso… Deus… Perdoa-nos… Perdoa…»
Ela acariciou a camisa como se estivesse tocando seu filho. Ninguém se moveu. Mesmo Yarik não
fez piadas.
Era algo profundo demais para todos.
Ela não se levantou por muito tempo. Ficou sentada na beira da cama, olhando para as mãos. Elas haviam ficado mais finas, mais leves, mas já não havia mais tremor nelas. Só calor—pequeno, como uma faísca, mas vivo.
A porta da cozinha bateu. O chão rangeu. Lá fora—um sussurro.
Andrey. Já no quintal.
Ela se aproximou da janela, abriu as venezianas. O ar entrou na sala como um visitante que há muito era aguardado. Andrey, com a jaqueta de trabalho, estava preparando o solo, arrumando as tábuas, marcando os buracos. Aos seus pés—um jovem arbusto de viburno, ainda frágil, mas já com folhas vivas. Ele trabalhava devagar, como alguém que já não tem pressa—porque encontrou seu lugar.
Ela não o chamou. Apenas observou. E, de repente, entendeu: era isso. Não havia mais busca. Não havia mais espera. Não havia necessidade de explicar nada. Poderia simplesmente ser.
Por volta do meio-dia, Semyon apareceu—não com leite, como antes, mas apenas para sentar. Zoya mandou uma torta. Yarik passou com um saco de pregos, nem se virando. Então, ele olhou para trás. Por um segundo. Agrafena acenou com a cabeça. Isso foi o suficiente.
O dia todo, Andrey trabalhou no jardim: montando treliças, esticando cordas, limpando tábuas velhas. Agrafena sentava à janela e tricotava—não pelo resultado, mas simplesmente pelo ritmo. Pelo sentimento de que a vida estava se movendo—não desmoronando aos seus pés.
Quando o sol estava baixo e dourado, Andrey se aproximou da cerca. Ao lado do jovem viburno, havia uma placa em um canteiro. Ele a ajustou, aprofundou a estaca. Levantou a cabeça. Na janela—seu rosto. Como se nada tivesse mudado. E como se tudo tivesse mudado.
Ele sorriu. E pegou a pá novamente. Não para cavar. Para plantar.
Quando ele a abaixou na terra, o dia já havia se transformado em noite. As sombras se esticavam ao longo da cerca, o ar ficou mais tranquilo—como se todo o jardim estivesse ouvindo a si mesmo. O dia que passou deixou o cheiro de chá, palavras perdidas, luvas no banco. E a casa—não estava vazia, não estava oca, mas viva.
Agrafena permaneceu à janela. Na mesma cadeira, com o mesmo lenço. Mas agora não havia mais ansiedade nela. Ela não estava buscando, não estava esperando. Ela apenas ouvia. E fora da janela, a menta farfalhava, as treliças tilintavam, a pá batia suavemente.
Agora, a casa não parecia vazia. Ela respirava—não alto, não brilhante, mas como um idoso respira: lembrando de tudo, mas sem dor. Na sala, o cheiro de maçãs e calor permanecia. A luz nos cantos não vinha da lâmpada—vinha do simples fato de que as pessoas estavam morando ali novamente. Apenas vivendo.