**Achei que um fim de semana na casa do lago dos meus futuros sogros seria relaxante — até a mãe do meu noivo me colocar para trabalhar. Limpeza, comida… e depois um chuveiro quebrado que me forçou a tomar banho numa bacia do lado de fora. Então, ouvi um telefonema que mudou tudo.**
“Adoraríamos conhecê-la melhor,” disse minha futura sogra docemente ao telefone. “Só uma escapada tranquila na nossa casa do lago. Nada de mais.”
Olhei por cima do ombro para Josh, que me deu um joinha do outro lado do nosso apartamento. O sorriso animado dele apertou meu peito.
Estávamos noivos havia três meses, então parecia um bom momento para passar mais tempo com a futura família.
“Parece ótimo,” respondi, imitando o tom meloso dela. “Estamos ansiosos.”
Três dias depois, saí do carro de Josh e meu estômago afundou.
A casa do lago se erguia à nossa frente como algo saído de um filme de terror esquecido. Um cheiro de mofo e terra me atingiu assim que entramos.
A mãe de Josh surgiu do que presumi ser a cozinha, enxugando as mãos num pano de prato que já tinha visto dias melhores.
“Aí estão vocês,” disse ela, abraçando Josh antes de se virar para mim.
Ela me olhou de cima a baixo e franziu o nariz levemente, como se eu fosse quem estivesse fedendo.
“Oh, não tivemos tempo de limpar,” disse ela, com a voz leve e falsa como chantilly de lata. “Você se importaria de ajudar? Sabe… já que vai fazer parte da família.”
Josh tentou intervir. “Mãe, a gente acabou de chegar. Talvez a gente possa se acomodar primeiro?”
“Bobagem,” ela o dispensou com um gesto. “Quanto mais cedo deixarmos este lugar habitável, mais cedo poderemos relaxar. Os produtos de limpeza estão embaixo da pia.”
Peguei o olhar de desculpas de Josh, mas forcei um sorriso e disse: “Sem problema. Feliz em ajudar.”
Três horas depois, eu estava ajoelhada ao lado do vaso sanitário, esfregando a borda com uma escova velha.
Pela janela aberta, ouvi o estalo característico de uma rolha sendo aberta. Risadas vinham de fora — a mãe de Josh, o pai dele e o próprio Josh. Levantei e fui até a sala. Os três estavam relaxando na varanda enquanto eu trabalhava!
“Você está indo muito bem, querida,” disse a mãe dele através da porta de tela. “Estamos muito agradecidos.”
Cerrei os dentes com tanta força que minha mandíbula doeu.
Na hora do jantar, a casa estava o mais limpa possível em poucas horas, e eu estava morrendo de fome. Entrei na cozinha para perguntar sobre a comida.
“Vamos fazer churrasco hoje!” anunciou Denise. “Espero que saiba usar uma churrasqueira — gostamos de mulheres capazes por aqui.”
Ela me entregou uma bandeja de carne crua como se fosse um desafio do MasterChef. Bifes, frango e hambúrgueres, tudo marinado em algo com cheiro forte de alho e molho de soja.
Josh estendeu a mão. “Eu ajudo—”
“Não, não,” interrompeu a mãe dele, dispensando-o. “Deixe ela cuidar disso. Precisamos ver se ela aguenta nossas tradições familiares.”
Peguei a bandeja, sentindo como se estivesse aceitando algum tipo de fardo cerimonial.
Virei hambúrgueres com uma mão e segurava o cabelo com a outra. Pela janela da cozinha, vi a mãe de Josh me observando, taça de vinho na mão e um sorrisinho nos lábios.
Isso não era sobre janta ou limpeza. Era sobre me ver dançar conforme a música dela.
Depois do jantar, ainda cheirando a carvão e Lysol, finalmente fiz a pergunta que estava na minha mente desde que chegamos.
“Será que eu poderia tomar um banho rápido?”
Os olhos da mãe de Josh brilharam com algo que parecia suspeitamente diversão.
“Oh, querida,” disse ela, arrastando as palavras como mel saindo de um pote. “O chuveiro interno está quebrado. Mas não se preocupe — temos uma bacia do lado de fora. Tem uma mangueira que você pode usar para encher, e até uma cortininha de privacidade!”
Ela falou como se estivesse me fazendo um favor. Como se me oferecer a chance de tomar banho como em 1862 fosse um presente.
Josh se mexeu ao meu lado, olhos no chão. Seu maxilar se contraiu. Mas não discutiu.
“Certo,” disse eu, engolindo meu orgulho pela centésima vez naquele dia. “Obrigada.”
Descalça, caminhei pela grama úmida, segurando minha toalha contra o peito.
A cortina de plástico balançava com a brisa, quase se soltando da estrutura de metal que cercava a “área de banho”.
A bacia era de metal e rasa, e a mangueira soltava água fria o suficiente para me fazer bater os dentes.
Me esfreguei em silêncio sob o céu aberto, tentando conter as lágrimas.
Achei que seria bom passar tempo com a família de Josh. Em vez disso, parecia que a mãe dele estava contra mim.
Na manhã seguinte, acordei cedo, a pele ainda grudenta do ar úmido e da lavagem inadequada. Josh roncava suavemente ao meu lado na cama de hóspedes que era ao mesmo tempo mole demais e dura demais.
Saí em silêncio e fui até a cozinha buscar água.
Por uma janela entreaberta, ouvi a mãe de Josh ao telefone no quintal. Suas palavras me fizeram arregalar os olhos.
“Fiz ela esfregar a casa, cozinhar pra gente e tomar banho lá fora,” ela riu como uma adolescente fofocando. “Ela acha que o chuveiro está quebrado. Imagina. Funciona perfeitamente. Eu só queria ver que tipo de garota ela é. Um pequeno teste. Vamos ver quanto tempo ela aguenta sendo a Cinderela.”
Meu estômago virou. Me afastei da janela com o coração acelerado.
Quis confrontá-la… quis sair lá e molhá-la com a água gelada em que tomei banho na noite anterior, mas não fiz isso.
Peguei um copo e fui até a pia para me servir de água.
Nesse momento, passos pesados soaram atrás de mim — alguém entrava na cozinha.
“Você não vai conseguir água da pia,” disse o pai de Josh. “O encanador vai vir consertar mais tarde, mas por enquanto, tente o banheiro.”
Assenti e não pensei muito nisso. Tinha preocupações maiores na cabeça.
De volta ao quarto de hóspedes, decidi que precisava conversar com Josh sobre esse pesadelo de viagem.
Evitei a mãe dele durante a manhã toda. Só um pouco antes do meio-dia consegui puxar Josh para dar uma volta ao redor do lago comigo.
O sol filtrava entre as árvores, os pássaros cantavam, e a água batia suavemente contra a margem.
“Desculpa por tudo isso,” disse ele enquanto andávamos. “Minha mãe pode ser… intensa.”
“É assim que estamos chamando agora?” perguntei.
Ele suspirou. “Ela é só protetora. Quer ter certeza de que você é certa pra mim.”
“Fazendo eu esfregar privada e cozinhar no fogo?”
“Não é o ideal, eu sei. Mas ela vai aceitar você.”
Eu não tinha tanta certeza, mas assenti mesmo assim.
Quando viramos em direção à casa, vi um caminhão estacionado na entrada.
“Parece que temos visita,” comentou Josh.
Como se fosse combinado, ouvimos um grito — estridente e inconfundivelmente da mãe dele. Corremos e entramos na casa, onde o pai de Josh parecia perdido na sala.
“O que aconteceu?” Josh perguntou.
O pai apontou para o corredor. “O encanador chegou mais cedo pra consertar a pia da cozinha. Sua mãe… bem, ela estava saindo do banho.”
O chuveiro. O suposto chuveiro quebrado.
Nesse momento, um homem vermelho de vergonha, usando macacão e segurando uma caixa de ferramentas, passou por nós às pressas.
“Me desculpem,” murmurou. “Usei o código que ela me deu. Não sabia que tinha alguém… digo, achei que a casa estivesse vazia.”
A porta do banheiro bateu, seguida de sons frenéticos.
Josh se virou para o pai. “Achei que o chuveiro estivesse quebrado?”
O pai olhou confuso.
“Não, é a pia da cozinha que está com problema. Por que você pensou—”
A mãe de Josh apareceu então, enrolada numa toalha, cabelo pingando, o rosto vermelho de vergonha e raiva.
“Por que você não avisou que eu estava aqui?!” ela gritou para o marido.
Não me contive. Um pequeno sorriso surgiu em meus lábios.
“Pensei que o chuveiro estivesse quebrado,” disse eu, com voz inocente, mas olhos fixos nos dela.
Josh piscou. Olhou para a mãe. Depois para mim. Depois para ela de novo.
“Você mentiu?” ele perguntou.
Ela não respondeu. O silêncio foi resposta suficiente.
Fizemos as malas naquela noite. Josh não falou com a mãe dele, e ela não tentou nos impedir de partir. Não precisava. O jogo tinha acabado.
Enquanto carregávamos as malas até o carro, o lago brilhava sob o sol poente. O banco da varanda rangia com o vento.
Josh estava calado ao dirigir, os nós dos dedos brancos no volante.
“Desculpa,” ele disse finalmente, quando já estávamos na metade do caminho pra casa.
“Pelo quê?” perguntei, mesmo sabendo.
“Por não ter te defendido. Por deixar ela te tratar daquele jeito.”
Toquei o braço dele. “Alguns testes saem pela culatra.”
Ele me lançou um olhar, depois voltou a olhar a estrada. “Como assim?”
“Ela não estava só me testando, Josh. Ela estava testando você também, pra ver o quanto você ia tolerar. E acho que nós dois aprendemos algo importante.”
A estrada se estendia à nossa frente, nos afastando da casa do lago e de seus jogos distorcidos.
O carma não bate à porta. Ele entra sozinho, inesperado e perfeitamente sincronizado.
Abri a janela e deixei o vento me envolver, me sentindo limpa pela primeira vez em todo o fim de semana.