Minha cunhada grávida me fez agir como sua empregada pessoal—então eu joguei junto até que ela foi longe demais.

Quando minha cunhada grávida decidiu que eu era sua empregada pessoal, eu fiquei quieta e entrei no jogo. Mas quando o meu próprio irmão me disse que eu não valia nada porque não podia ter filhos, tudo mudou. Foi aí que parei de ser vítima e comecei a planejar minha fuga.

Meu nome é Liz, tenho 35 anos. Até seis meses atrás, eu era casada com o Tom. Ele era um homem decente, que me fazia rir e me levava café na cama aos domingos de manhã.

Tínhamos uma casa bonita, com uma cerca branca, e sonhos de encher os quartos extras com o som de pezinhos correndo.

Mas nem todos os sonhos se tornam realidade, não é?

Tentamos por quatro anos ter um bebê. Quatro anos dolorosos, cheios de esperança, hormônios e frustração. Cada mês era uma montanha-russa de expectativa seguida por uma decepção esmagadora.

Fizemos tratamentos de fertilidade que custaram mais do que nosso carro. Mudamos a alimentação, tomamos vitaminas, e até fomos a especialistas em três estados diferentes. Eu medi minha temperatura, contei dias e rezei com fé.

Mas nada funcionou.

Sempre que alguém perguntava: “E os filhos, pra quando?”, eu queria desaparecer.

Tom foi paciente no começo. Me abraçava quando eu chorava. Dizia que resolveríamos tudo juntos. Falava tudo o que eu precisava ouvir.

Mas a paciência tem prazo de validade, aparentemente.

— Eu não posso esperar mais — ele disse numa terça-feira de manhã, sem nem tirar os olhos do jornal.

Assim. Do nada.

Como se eu fosse um investimento fracassado que ele precisava abandonar.

— Como assim? — perguntei, mesmo já sabendo. Eu já vinha percebendo há meses, no jeito como ele evitava olhar nos meus olhos, como se encolhia quando eu o tocava.

— Eu quero filhos, Liz. Filhos de verdade. Não só a ideia deles — a voz dele era fria. — Não posso passar a vida inteira esperando por algo que nunca vai acontecer.

— Podemos tentar adoção — sussurrei.

Ele finalmente me olhou. E o que vi nos olhos dele quebrou algo dentro de mim. Algo que talvez nunca se conserte.

— Eu quero filhos meus — ele disse. — Do meu sangue.

Seis semanas depois, ele foi embora. Foi morar com a secretária dele, que já estava grávida de três meses.

O legado dele. Aquilo que eu aparentemente não podia dar.

Voltei para a casa dos meus pais, com o coração despedaçado. As únicas pessoas que sempre me amaram de verdade.

Eles me acolheram de braços abertos, como eu sabia que fariam.

Minha mãe preparou minhas comidas favoritas e não fez perguntas quando chorei sobre o prato de bolo de carne. Meu pai consertou a fechadura da porta do meu quarto de infância e fingiu não perceber quando eu passei dias inteiros trancada lá dentro.

Naquele momento, eu me sentia segura.

Mas essa paz durou só uns dois meses.

Depois, meu irmão Ryan e sua esposa grávida, Madison, se mudaram para lá.

Eles estavam reformando a nova casa do outro lado da cidade, explicaram.

— Só por algumas semanas — disse Madison, com aquele sorriso doce que ela usava sempre que queria alguma coisa. — Até a poeira baixar e ficar seguro para o bebê.

Meus pais, sempre generosos, cederam o quarto de hóspedes e disseram que eles não precisavam pagar nada.

Afinal, eram família.

Nos primeiros dias, foi suportável.

Ryan ajudava meu pai no quintal e Madison ficava mais na dela, reclamando de enjoo e pés inchados. Achei que talvez pudéssemos conviver em paz até a casa deles ficar pronta.

Mas eu estava errada.

Começou com pequenas coisas. Madison comentava que estava cansada, ou que era difícil ficar de pé por muito tempo. Suspirava dramaticamente olhando para a louça suja ou a cama desarrumada.

Depois ficou claro que ela esperava ser tratada como realeza.

— Estou com vontade de algo doce mas salgado — anunciou uma manhã, entrando na cozinha enquanto eu comia minha torrada. — Tipo panquecas de chocolate com bacon. E xarope quente ao lado. Ao lado. Não derramado por cima.

Sentou-se à mesa e ligou a TV pequena no balcão.

— Você não está fazendo nada, né? Pode preparar isso?

— Desculpa?

— Você também está morando aqui de graça, né? — disse, olhando as unhas como se fossem a coisa mais importante do mundo. — Vamos nos ajudar.

E isso foi só o começo.

Todo dia, Madison adicionava mais um item à sua lista de exigências.

Um dia era torta de frango feita em casa “sem ervilhas porque me dão enjoo”. No outro, viu um prato tailandês com amendoim no TikTok e decidiu que precisava daquilo, mesmo que levasse duas horas para preparar e exigisse ingredientes que não tínhamos.

Eu cozinhava. Ela criticava.

— Está salgado demais — dizia, empurrando o prato. — O bebê não gosta de sal.

— Pode refazer? Mas dessa vez sem alho. Na verdade, nada de alho. Me dá azia.

Depois vieram as tarefas da casa.

— Você pode aspirar nosso quarto também? — pediu uma tarde, apontando para o quarto de hóspedes. — Meus tornozelos estão tão inchados que mal consigo andar. Ah, e limpa os espelhos? Não suporto manchas d’água quando estou me arrumando.

Fiquei quieta. Não queria criar confusão, então fazia o que ela pedia.

Achei que meus pais iriam intervir. Mas não. Estavam ocupados demais se derretendo pela futura neta.

Ficavam encantados com a barriga da Madison e falavam sobre nomes e cores para o quarto do bebê. Eles não viam o que acontecia quando estavam fora de casa.

E o Ryan? Não dizia nada.

Ficava no celular, concordava com tudo que Madison dizia e às vezes murmurava um “valeu” quando eu levava a comida deles na cama.

Mas o estopim foi às 2h30 de uma quinta-feira.

Madison bateu na minha porta como se a casa estivesse pegando fogo. Pulei da cama apavorada.

— O que foi? — perguntei, abrindo a porta. — É o bebê?

Ela estava ali, com um roupão de seda rosa, calma como se nada tivesse acontecido.

— Quero chips de creme azedo e cebola — disse. — Agora. O bebê quer, e quando ele quer, eu tenho que dar. Sei que o posto da 5th Street fica aberto 24h. Você pode ir? Não quero acordar o Ryan, ele fica mal-humorado sem dormir direito.

Fiquei parada, olhando pra ela.

— E aí? Vai ou não vai? — disse, abanando a mão na frente do meu rosto. — O tempo é importante aqui.

Fechei a porta na cara dela.

Na manhã seguinte, peguei o Ryan na cozinha.

— Preciso falar com você — disse baixinho. — A situação com a Madison está saindo do controle.

Ele levantou os olhos do cereal, já irritado por eu interromper.

— Ela me trata como empregada. Estou cozinhando, limpando seu quarto, lavando suas roupas, e agora acordando de madrugada pra atender desejos. Não aguento mais, Ryan.

Ele suspirou e largou a colher.

— Só faz o que ela pede, tá bom? Não é tão difícil assim.

— Como é?

— Ela tá grávida — disse. — Tá carregando o único neto de sangue que nossos pais provavelmente vão ter. Você… bem… você não conseguiu.

— O que você disse?

Ele deu de ombros, indiferente ao meu sofrimento.

— É só a verdade, Liz. Não faz drama.

Saí da cozinha sem conseguir respirar. Meu próprio irmão me disse que eu era menos. Que eu não valia nada. Porque eu não podia dar um neto aos nossos pais. Porque eu era estéril.

Chorei por uma hora no balanço do quintal, aquele que meu pai construiu quando éramos crianças. Não queria que meus pais me vissem assim.

Mas naquela noite, deitada na minha cama de infância, decidi uma coisa:

Não ia mais chorar. Não ia mais implorar por respeito. Não ia deixar alguém usar a gravidez como coroa pra mandar em todo mundo.

Na manhã seguinte, liguei para minha amiga Elise, que trabalha num centro comunitário que ajuda mulheres em transição de vida. Ela conhecia minha história e já tinha mencionado que sabia de alguém que precisava de ajuda.

— Tem uma senhora adorável chamada Dona Chen — explicou Elise. — O marido faleceu ano passado e ela precisa de ajuda com a casa. É meio-período, com moradia inclusa, e ela paga muito bem. Só quer alguém gentil por perto.

Elise já tinha falado dela antes, mas eu não estava pronta. Agora eu estava.

Naquela noite, sentei com meus pais à mesa depois que Madison e Ryan foram pro quarto com suas bandejas.

— Consegui um trabalho — disse. — Com moradia. Vou me mudar semana que vem.

Eles ficaram surpresos.

— Filha, não queremos que você vá — disse minha mãe. — Você ainda está se recuperando do que passou com o Tom. Não precisa se apressar.

— Vou ficar bem, mãe. Não posso continuar aqui sendo desrespeitada. Não é bom pra ninguém.

Madison, que estava ouvindo da escada, desceu saltitante com um sorriso enorme.

— Então quer dizer que agora eu fico com o banheiro maior! — disse, já planejando suas mudanças.

Não respondi. Não havia mais nada a dizer.

Nos dias seguintes, arrumei minhas coisas em silêncio.

Não bati portas, não fiz discurso. Preparei um último jantar para meus pais, do jeitinho que eles gostam, e fui embora.

Três semanas depois, soube pela minha mãe que Madison e Ryan também tiveram que sair. Meus pais finalmente viram quem Madison era de verdade quando ela fez um escândalo por causa de uma omelete morna e chamou minha mãe de “velha inútil”.

No dia seguinte, meu pai mandou os dois embora.

Não vi a cena, mas minha mãe me ligou chorando.

— Desculpa, querida — disse ela. — Devíamos ter percebido antes. Devíamos ter te protegido.

Perdoei, porque entendi. Às vezes, o amor nos cega.

E pela primeira vez em meses, sentada na cozinha aconchegante da Dona Chen com uma xícara de chá e um trabalho que me fazia sentir útil novamente, senti que finalmente podia respirar.

Visited 924 times, 1 visit(s) today
Rate the article
( Пока оценок нет )