— Me leva, por favor! E eu canto para você!
A menina, de uns dez anos, estava parada bem na frente do carro — magrinha, usando um casaco velho que claramente já conhecera dias melhores. Um lenço cinza cobria sua cabeça até os olhos, e debaixo dele reluziam dois grandes olhos azuis. Meu Deus, de onde vêm essas crianças?
Serguei Viktorovich tragou lentamente o cigarro e olhou para ela com cansaço. O dia tinha sido duro, o humor ainda pior.
— Quê? Levar para onde?
— Para a aldeia de Rozhkovo! — ela respondeu com firmeza, acenando com a mão coberta por uma luva de lã rasgada. — Fica logo ali, é só pegar a estrada à direita. Eu mostro! Mas eu não tenho dinheiro… Em troca, posso cantar!
Essa era nova… Serguei Viktorovich fez uma careta. Que dia insuportável.
— E o que você está fazendo aqui? — perguntou, sem saber exatamente por quê. — Está escurecendo. Outono, frio… E você sozinha na estação. Não tem medo de entrar no carro de um estranho? Onde estão seus pais?
A menina suspirou como um adulto:
— Mamãe está doente. Não temos papai há muito tempo. Ela passa quase todo o tempo deitada, muito fraca. Eu fui ao centro da região buscar remédios. O ônibus chegou tarde e perdi o meu. Agora só me resta ir a pé ou dormir aqui. Mas não tive medo de entrar no seu carro! Seus olhos são bondosos. E seu carro é bonito!
Serguei Viktorovich sorriu involuntariamente:
— E como você conseguiu ver meus olhos? Já está escuro.
— Nem tão escuro assim! — ela deu de ombros. — Eu vejo e percebo muita coisa. Por exemplo, percebi que você está de mau humor.
Que observadora…
— Isso mesmo. Sempre estou assim.
— Como você consegue estar de mau humor tendo um carro assim? E provavelmente tem dinheiro também, né? Estranho…
— Tenho um pouco. Não é muito, mas dá para viver. Mas de que adianta, se estou sozinho no mundo — disse, sem perceber.
— Completamente sozinho? — a menina perguntou séria.
— Completamente. Embora talvez não tão completamente… Mas é como me sinto. Você faz muitas perguntas.